Tudo que o que você precisa saber sobre as técnicas para avaliação do percentual de gordura
- Rachel Freire
- 28 de jul. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 11 de abr. de 2021
O processo de mudança na composição corporal para melhora da estética e saúde, inclui perda de gordura e ganho de massa muscular. Porém, quando avaliamos o nosso peso corporal não diferenciamos esses dois tipos de tecidos.
Na prática, se você observa que emagreceu 2kg, é impossível saber se você perdeu água, músculo ou gordura. Como sabemos isso então? A resposta vem da avaliação do percentual de gordura que deverá ser realizada por um profissional.

Principais técnicas para avaliar o percentual de gordura
Existem diversas técnicas que podem ser utilizadas para estimar o percentual de gordura. É importante dizer que não é possível determinar com absoluta precisão a quantidade de gordura que temos no corpo. Em qualquer técnica que utilizarmos o percentual de gordura será estimado por equações matemáticas. Algumas técnicas são simples, de baixo custo, porém também de baixa precisão. Outras técnicas apresentam ótima precisão, porém são de alto custo ou inviáveis no consultório, sendo mais utilizadas em pesquisas científicas.
Segue um resumo das principais técnicas utilizadas para estimativa do percentual de gordura (%MG), vantagens e desvantagens.
- Dobras cutâneas: a aferição das dobras é simples, não-invasiva e de baixo custo. Existem diversos protocolos padronizados que utilizam determinadas dobras para cálculo equacional do %MG. As mais utilizadas são: tricipital, bicipital, subescapular, suprailíaca e abdominal. Para bons resultados é importante que o plicômetro esteja bem calibrado e o avaliador seja experiente para medir as dobras corretamente. A principal desvantagem é que não deve ser usada em indivíduos com sobrepeso ou obesidade, devido ao limite do aparelho. Outro problema é que essa técnica avalia apenas gordura subcutânea, não avalia a gordura visceral, subestimando o %MG.
- Pesagem hidrostática: considerado o método padrão-ouro para avaliação do %MG, a técnica baseia-se no princípio de Arquimedes. O indivíduo é submerso em um tanque com água e o volume corporal determinado com base na diferença do peso aferido dentro e fora da água. Assim, por equações determina-se a densidade corporal que é utilizada em equações para estimar o %MG. É importante considerar o ar dos pulmões e os gases do trato gastrointestinal no momento da pesagem. Limitações envolvem o alto custo e a inviabilidade de ser utilizado na prática clínica.
- Pletismografia: a técnica mede o deslocamento do ar para calcular volume corporal, densidade corporal e estimar o %MG por equações. O princípio é semelhante à pesagem hidrostática, porém não é necessário submersão em tanque de água. É uma técnica bem confiável, porém o sofisticado equipamento é de alto-custo.
- Bioimpedância elétrica (BIA): a conhecida técnica é rápida, não-invasiva e muito utilizada nos consultórios. A BIA baseia-se na transmissão de corrente elétrica de baixa intensidade, medindo a resistência à passagem dessa corrente. Os tecidos de gordura não transmitem a corrente, enquanto os tecidos “magros” (como músculo, osso e água) transmitem. Portanto, a BIA determina a água corporal total e posteriormente deduz por equações a massa livre de gordura e o %MG. As principais fontes de erros estão relacionadas aos fatores que alteram o estado de hidratação como: alimentação, prática de atividade física, ingestão de álcool ou café, alguns medicamentos e desidratação. Assim a repetitividade da BIA é baixa e os resultados podem ter interpretações equivocadas. A BIA também não dever ser utilizada por gestantes e portadores de marca-passo.
- DEXA (densitometria por dupla-emissão de Raio-X): técnica baseada em imageamento por raio-x, onde os tecidos absorvem diferentes níveis de energia. É uma técnica sofisticada, de alta precisão e vem sendo considerada o novo padrão-ouro. O imageamento avalia com acurácia a densidade óssea, massa muscular e massa de gordura, estimando o %MG. A limitação envolve o alto custo do equipamento. Também não deve ser realizado por gestantes e indivíduos com peso superior a 160kg.
- Scanner 3D: essa nova técnica se baseia estimativa do volume corporal por completo escaneamento do corpo em três dimensões. Equações irão calcular a densidade corporal e estimar o %MG, de forma semelhante à pesagem hidrostática ou a pletismografia. O scanner é feito utilizando a tecnologia Kinect (o mesmo sensor presente em vídeo-games), ondas seguras e não-invasivas. Os resultados não sofrem interferência do estado de hidratação e estão sendo validados pelo DEXA. É seguro para gestantes, portadores de marca-passo, o custo é relativamente baixo e viabilidade em consultórios é alta. Ainda existem poucos equipamentos disponíveis no Brasil.
Agora que você já aprendeu sobre as principais técnicas e os diversos erros envolvidos, lembre-se que para o acompanhamento ao longo do tempo você deve sempre comparar resultados realizados pelo mesmo profissional e mesma técnica.
A alimentação e a prática regular de exercícios físicos serão fundamentais para você atingir os seus objetivos! Procure profissionais de confiança.
Referências bibliográficas sobre avaliação do percentual de gordura
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